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Opinião | Como a adaptação de ‘Jogos Vorazes: Amanhecer na Colheita’ pode encontrar sucesso na complexidade de seu personagem principal

A franquia ‘Jogos Vorazes’ continua em constante expansão desde seu surgimento em 2008, com o lançamento do primeiro volume da série literária. Após conquistar leitores ao redor do mundo, a elogiada narrativa distópica ganhou as telonas com uma quadrilogia que se tornou uma das mais apreciadas pela crítica e pelos fãs – e que eternizou Jennifer Lawrence como a rebelde heroína Katniss Everdeen.

Com o fim da saga original, a autora Suzanne Collins resolveu viajar algumas décadas no passado, seis décadas antes da edição protagonizada por Katniss, para contar a história de Coriolanus Snow antes de se tornar um ditador psicótico – cujo enredo também foi levado para os cinemas com a presença de Tom Blyth e Rachel Zegler nos papéis principais. O sucesso do spin-off compeliu a romancista a esquadrinhas mais um capítulo do vibrante universo de Panem, voltando com um capítulo inédito nos levando a conhecer ninguém menos que Haymitch Abernathy, que se tornaria mentor de Katniss e Peeta Mellark na 74ª edição dos Jogos.

Intitulado ‘Amanhecer na Colheita’, o livro, cuja adaptação já está em desenvolvimento pela Lionsgate e chega aos cinemas no ano que vem, nos levou para o Segundo Massacre Quaternário, mergulhando nas delineações de um dos personagens mais complexos desse universo. Haymitch foi nos apresentado pela primeira vez pela interpretação de Woody Harrelson como um beberrão incorrigível e o único vencedor do Distrito 12. Escalado como mentor de Katniss e Peeta, ele provou ser um grande conhecedor das engrenagens dos Jogos, dando dicas para os protagonistas sobreviverem e fazendo tudo ao seu alcance para garantir que a revolução continuasse sendo fomentada. Emergindo como um grande opositor ao governo tirânico de Snow, ele sempre ficou ao lado de Katniss em sua jornada como o tordo, o símbolo da resistência e da rebelião, sempre sabendo que a jovem tomaria a decisão certa na derrocada da Capital.

Mas o que o levou a ficar assim?

Quase duas décadas e meia atrás, Haymitch foi selecionado para a 50ª edição dos Jogos Vorazes, também conhecido como Segundo Massacre Quaternário. Nos Massacres, o Presidente Snow tem o direito de realizar uma cerimônia especial, com regras ou exigências especiais – e, para o ano em que o nosso herói foi selecionado, os Distritos deveriam enviar o dobro de tributos, colocando 48 jovens se enfrentando na Arena com a possibilidade imutável de apenas um vencedor. Assim, Haymitch é enviado para a Capital ao lado de Wyatt Callow, Louella McCoy e Maysilee Donner, mergulhando nos primórdios de um levante contra Snow.

A questão é que o arco envolvendo o personagem é bem mais trágico do que o de Katniss. Haymitch sabe que quaisquer alianças dentro e fora da Arena são perigosas, seja com seus companheiros de Distrito, seja com mentores forçados a trabalhar para a Capital como mentores, revivendo momentos de puro terror e trauma. Ao longo do livro, somos agraciados com a presença de nomes conhecidos, incluindo Wiress, Megs, Beete, Effie e Caesar, todos colocados sob a ótica opressora e vigilante de Snow e de seus asseclas. Mesmo vitorioso, Haymitch não venceu – e isso já nos era premeditado desde seus poderosos discursos sobre a onipotência do Presidente sobre Panem.

Esses sórdidos detalhes são a controversa beleza da história de Haymitch e de que maneira ele se transforma em um dos melhores e mais bem construídos personagens da franquia ‘Jogos Vorazes’. Cada trejeito e cada vício que tenta amenizar com um humor ácido e sarcástico é-nos explicado com reviravoltas impactantes que mostram o poder desmedido de Snow e a forma como manipula e pune qualquer um que ouse confrontá-lo. A constante dor que Haymitch sente desperta nele um sentimento de vingança que não é canalizado da maneira certa, colocando-o frente a frente com uma fuga inebriante e paliativo – e que reacende com a chegada de Katniss, despertando nele a chance de se redimir frente a uma complacência mandatória que o transformou em um zumbi letárgico.

Haymitch é um encontro entre passado e presente e uma representação material do que acontece quando somos levados ao limite. Como um jovem do Distrito 12 apaixonado por sua pretendente, Lenore Dove, ele acreditava que a felicidade era possível; após ser selecionado para os Jogos e levado à Arena, sua visão sobre o mundo torna-se mais taciturna, como se a chama de um prospecto otimista tivesse morrido sob uma inescapável escuridão. E, forçado a conviver com forças externas que ainda não compreende e que não consegue enfrentar, ele se rende à única válvula de escape que se posta à sua frente.

Se nos filmes originais vimos as profundas marcas deixadas pelos Jogos lhe causarem pânico e medo constantes – como sua explosiva frustração com a decisão de Snow em trazer os vencedores de volta para o Terceiro Massacre Quaternário em ‘Jogos Vorazes: Em Chamas’ -, a pré-sequência nos colocará frente a frente com esse trágico início, trazendo Joseph Zada vestindo o manto do personagem e com altas chances de se sagrar um dos melhores filmes da franquia.

‘Jogos Vorazes: Amanhecer na Colheita’ estreia em 20 de novembro de 2026.



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