O Brutalista é, sem sombra de dúvidas, uma das estrelas do Oscar 2025 e, não à toa, recebeu 10 indicações à estatueta. Apesar de surgir como um grande nome para vencer a categoria de melhor filme, o o longa enfrentou polêmicas relacionadas à inteligência artificial. Isso não ofusca o brilho de Adrien Brody no papel principal, tampouco a complexidade e profundidade que a produção se propõe a explorar.
O longa acompanha a história do arquiteto László Toth, um judeu húngaro que ruma aos Estados Unidos após ser libertado de um campo de concentração. No local, ele tenta reconstruir a sua vida, além de correr atrás de meios para levar a sua esposa Erzsébet (Felicity Jones) e a sobrinha Zsófia (Raffey Cassidy) para o país americano. Entretanto, ele precisa conviver com relações abusivas relacionadas à esposa, drogas e o rico Harrison Van Buren (Guy Pearce).

O Brutalista é, sem sombra de dúvidas, uma das estrelas do Oscar 2025 e, não à toa, recebeu 10 indicações à estatueta
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Apesar de surgir como um grande nome para vencer o Melhor Filme
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O filme teve polêmicas relacionadas à inteligência artificial
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A situação, porém, não tira o brilho do protagonista Adrien Brody
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e, muito menos, da complexidade e da profundidade ao qual a produção se propõe a trazer
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A obra, que contou com apenas US$ 10 milhões, é recheado de metáforas e traz à tona discussões e reflexões interessantes
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O filme traz características da arquitetura brutalista, sendo imponente, opressor e, principalmente, cru
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A obra, produzida com um orçamento modesto de apenas US$ 10 milhões, é repleta de metáforas e provoca reflexões instigantes. Além de abordar a arte e a arquitetura — tema já sugerido pelo próprio título, que remete a um estilo arquitetônico —, o filme explora a migração de judeus após a Segunda Guerra Mundial e a busca pelo chamado “sonho americano”. Inspirado na estética brutalista, o longa traduz essa influência em sua própria narrativa, sendo imponente, opressor e, acima de tudo, cru.
Embora o protagonista não seja baseado em uma história real, sua “nova vida” reflete a experiência de muitos imigrantes, tanto no pós-Segunda Guerra Mundial quanto nos dias de hoje. Para enfatizar essa conexão, o diretor constrói o filme como uma jornada profundamente pessoal de László, colocando Adrien Brody no centro da narrativa. Com isso, o ator carrega a responsabilidade de manter o público envolvido ao longo das 3h30 de duração do longa, destacando ainda mais sua performance.
Adrien Brody, vencedor do Oscar em 2003 por O Pianista, conduz essa responsabilidade com maestria. Sua interpretação captura com precisão todas as nuances de László, um homem dividido entre a ambição de concretizar um grande projeto para Harrison e a busca por inspiração em sua própria trajetória. Entre a paixão, a dor e a esperança, ele carrega o peso de um passado marcado por desafios enquanto luta para trazer sua esposa para os Estados Unidos.
Tudo isso faz de László um protagonista multifacetado, com camadas bem construídas. A relação entre os personagens de Adrien Brody e Guy Pearce, aliás, é o eixo central da narrativa, impulsionando os acontecimentos e dando direção à trama. Desde o primeiro encontro entre eles até a evolução do protagonista e a conclusão de sua jornada, a dinâmica entre os dois sustenta boa parte da história.
Sem dúvida, esses elementos contribuem para que o filme se mantenha envolvente, mesmo com sua longa duração. No entanto, o roteiro de Corbet apresenta algumas falhas, deixando de aprofundar temas cruciais para o contexto da trama, como o sionismo e sua relação com a criação do Estado de Israel.
Por outro lado, a obra brilha em aspectos técnicos, com uma trilha sonora marcante, fotografia impecável e um uso sofisticado de texturas, cores e formas. Apesar das lacunas narrativas, esses acertos — aliados à atuação intensa de Adrien Brody — garantem que O Brutalista entregue a experiência visual e emocional proposta por Corbet.