Apostando novamente na subversão de gêneros, o canal abre espaço para projetos que proponham novas narrativas e estéticas para a televisão por assinatura brasileira
A série de 8 episódios, O Baldio Som de Deus, pode ser classificada como um faroeste existencial e social, que narra a história de José, um pistoleiro em busca de vingança. Quando ainda era criança, viu seus pais serem assassinados por integrarem o Movimento Sem Terra, no interior do Maranhão. A história se passa nos anos 60 e 70 e se conecta com a história do país, que ficou marcado pelos confrontos violentos entre os donos de fazenda latifundiários e os trabalhadores de movimentos populares.
Criada e dirigida pelo cineasta Frederico Machado, autor de cinco longas metragens, duas séries para TV e diversos curtas, a trama da série possui uma intensa carga psicológica construída principalmente através dos diálogos e dos longos planos abertos. A escolha por este tipo enquadramento na fotografia é uma das características do clássico faroeste norte-americano.
O Baldio Som de Deus entrega um conteúdo que consegue ser genuinamente brasileiro, com personagens que representam algumas características marcantes de regiões interioranas do país (os grandes latifundiários e seus herdeiros, os jagunços, a prostituta do cabaré, etc.) e como as relações de poder em torno da terra determinam a dinâmica destas regiões. Essa ambientação é construída a partir das interpretações de um elenco talentoso composto por nomes reconhecidos pelo grande público e com trajetórias sólidas no cinema e na TV, como Áurea Maranhão (Cidade Invisível), Bruno Goya (Aquarius), Vinicius Bustani (Filho de Boi) e Buda Lira (Bacurau).
Frederico Machado, diretor e criador da série, também falou um pouco sobre a sua concepção da obra: “O Baldio Som de Deus é um prosseguimento de meu trabalho autoral no cinema, agora para TV, em uma proposta de risco, com um ritmo próprio na linguagem e na montagem. A série é uma homenagem ao gênero, o faroeste, num país que tem o cangaço, que tem os movimentos populares, que tem o sertão, que tem tantas tragédias e heróis anônimos no nosso espaço geográfico. E trago muito de mim nos personagens e ambientações. A solidão, a inescapável tragédia, a questão familiar. Temas que norteiam minha obra.”
A série é uma produção da Lume Filmes, do Maranhão, fruto de uma parceria com o Prime Box Brazil que selecionou o projeto via Chamada Pública PRODAV 02/2016 do Fundo Setorial do Audiovisual. Este é mais um projeto da região Nordeste que a Box Brazil, programadora independente sediada no Rio Grande do Sul, viabiliza através do FSA.
