O advento das inteligências artificais vem causando inúmeras mudanças na sociedade – em especial, no âmbito artístico. E, enquanto inúmeros atores, realizadores e membros da indústria já se pronunciaram contra a utilização desses recursos tecnológicos para a produção de obras artísticas, a represália contra as IAs não é consenso.
Não é surpresa, pois, que a Austrália esteja prestes a dar início ao Omni 1.0 AI, o primeiro festival do país destinado a filmes gerados por IA. E um dos nomes que integram o júri do evento é ninguém menos que o aclamado cineasta George Miller (‘Mad Max’).
Em entrevista ao The Guardian, Miller foi abordado sobre sua participação no festival, afirmando que se juntou à bancada em meio a “intensa curiosidade” sobre o papel evolutivo das inteligências artificiais – aacrescentando que elas fazem parte de uma mudança filosófica mais profunda do que aparenta.
“A IA é sem dúvida a ferramenta que evolui mais dinamicamente na criação de imagens em movimento”, ele começa. “Como cineasta, sempre fui movido pelas ferramentas. A IA veio para ficar e mudar as coisas.”
O realizador continua:
“É o equilíbrio entre a criatividade humana e a capacidade das máquinas que gera o debate e a ansiedade. Fico impressionado como esse debate ecoa momentos anteriores da própria história da arte.”
Miller comparou nosso momento atual ao Renascimento, quando a introdução da tinta a óleo “deu aos artistas a liberdade de revisar e aprimorar suas obras ao longo do tempo”.
“Essa mudança gerou controvérsia – alguns argumentavam que os verdadeiros artistas deveriam poder se dedicar à tela sem correções, outros abraçaram a nova flexibilidade”, ele afirmou. “Um debate semelhante se desenrolou em meados do século XIX com o advento da fotografia. A arte precisa evoluir. E enquanto a fotografia se tornou sua própria forma, a pintura continuou. Ambas mudaram, mas ambas perduraram. A arte mudou.”
Os fundadores do festival de cinema Omni AI, Aryeh Sternberg e Travis Rice, estão promovendo o evento como uma tentativa ousada de consolidar a reputação da Austrália como um centro global de cinema gerado por IA; um ponto de encontro para cineastas, tecnólogos e criativos explorarem como a narrativa evolui quando a imaginação humana se cruza com o aprendizado de máquina – e para debater os dilemas éticos que a acompanham.
Cada inscrição será rigorosamente verificada quanto a plágio e avaliada sob rígidas diretrizes éticas, garantindo que a inovação tecnológica seja acompanhada de integridade artística.