Foto: Eduardo Neves/Boavista SC |
Você conseguiu acompanhar a abertura da primeira rodada da Série D 2025? A CBF anunciou com pompa a “maior Série D de todos os tempos”, destacando um aumento considerável de investimentos. Mas, na prática, quem conseguiu acompanhar a estreia da quarta divisão? A resposta é simples, poucos viram.
Procurei pelos jogos dos clubes do meu estado e não encontrei nada. No YouTube, somente Boavista vs. Portuguesa estava disponível, exceção em meio a um apagão midiático. A CBF, em vez de organizar uma estrutura de transmissão acessível, proibiu os clubes de transmitirem seus jogos de forma independente, alegando “negociações em andamento” com emissoras. Os 64 participantes poderiam usar seus canais próprios no YouTube, mas foram vetados e ameaçados, quem desrespeitasse a ordem teria a ajuda logística cortada. Interessante perceber as vias de ameaça, como visto na Coluna #412.
A escuridão da Série D não é única. O futebol feminino é um desespero. Poucos jogos mostrados. Os clubes são responsáveis pela própria desgraça, pois se acomodam diante do mandatário do futebol. Por que houve rodada? Sem TV, sem futebol. Greve! O futebol italiano já nos mostrou que esta receita é um caminho de melhorias. Os descuidos com a última série do futebol brasileiro (o que é uma barbaridade, somente 4 divisões), vem de longa data, e este ano, este foi somente um elemento, junto ao adiamento da primeira rodada.
Além do silêncio dos clubes, o distanciamento das mesas redondas, as federações estaduais são patéticas. Nenhuma delas lutou pelos seus clubes. Um silêncio sepulcral. Será um combinado com a Sexta-Feira Santa o clima de silêncio, ou será o aumento salarial de quase 200% que os presidentes das federações estaduais receberam após a reeleição unanime de Ednaldo Rodrigues?
Parabéns ao Treze Esporte Clube, pelo posicionamento público. Pela busca de condições de mantar a marca viva e lutar pela democratização do acesso às transmissões. Parabéns ao Boavista Sport Club e Associação Portuguesa de Desportos que enfrentaram tamanha sem-vergonhice, mas, ações isoladas não evidenciam resistência. A primeira rodada devesse ser de greve! Um protesto legítimo contra a negligência da CBF.
Enquanto a CBF tratar a Série D como um problema em vez de uma oportunidade, o futebol brasileiro continuará dividido entre elite e ostracismo. O descaso com a quarta divisão não é um acidente, é sintoma de uma gestão que não gosta do futebol.
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