Foto: Reprodução/X/Fórmula 1 |
Confesso que assisto às corridas desta temporada como quem toma um remédio para insônia, sei que preciso, mas o efeito é letárgico. A briga entre Noris e Piastri até promete drama, mas as transmissões transformaram o esporte em um background glamourizado para jantares chiques. O GP de Mônaco, símbolo máximo da F1, epitomiza isso. Enquanto Miami e Las Vegas explodem com shows e celebridades, as ruas de Monte Carlo parecem um museu de cera, belas, mas vazias de alma. Até a caótica ilha artificial em Montreal já trouxe emoção, hoje, somente a patifaria de Norris mexeu para ver uma prova terminar em regime de bandeira amarela.
Os números não mentem. A audiência no Brasil murcha, e a culpa não é só da falta de competitividade. As equipes focam em “experiências VIP” em suítes climatizadas, enquanto o telespectador comum engole narrações técnicas que mais parecem aulas de física ou delírio coletivo sobre aquilo que não se vê na tela. Será que alguém ainda lembra que isso já foi um esporte. Sinto saudades da era em que um GP era decidido na curva final, sem preocupar-se com limites de pistas, não no camarote de Naomi Campbell.
Agora, a F1 opera numa esquizofrenia perigosa. Ela quer ser esporte para puristas e espetáculo pop ao mesmo tempo. Nas transmissões, técnicos dissecam aerodinâmica com termos nichados, enquanto as câmeras focam em DJs e after-parties. Para o fã casual, é incompreensível; para o hardcore, é um tédio solene. Bonito, mas frio. Se em 2025 até Verstappen parece entediado no pódio, que esperança nos resta?
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